sala VIP

quinta-feira, 25 de março de 2010

vida de professor


Ministrava eu uma aula na sala experimental de física. Fazíamos aplicações da talha exponencial. Como eu cobraria um relatório sobre o experimento, pedi que alguém do grupo presente se manifestasse para registrar os dados práticos que estávamos obtendo.
Ficou um estudante olhando para o outro, então, apontando para uma aluna, decidi:
- Você anota os dados!
Ela, ferindo o português, disse-me:
- É pra mim anotar!?
Tentei, discretamente, corrigi-la:
- Não!... para eu anotar!
Inocentemente, sem conseguir interpretar a minha mensagem de correção, estendeu-me euforicamente o caderno e disse:
- Pois, então, anota aqui professor!

Frase de placa


"Comemore o sucesso. Veja com humor os seus fracassos."
San Walton

Liberdade, liberdade!



Na minha infância, resolvi aprisionar, numa gaiola nada vistosa, um pássaro que, na natureza exótica, trinava no arrebentar explosivo de cores, de cada manhã morna, de um tímido inverno nordestino qualquer, da década de setenta.
O homem é egoísta e, portanto, confina, no seu particular patrimônio, os animais que deveriam ser de admiração coletiva. Parece-me, não sei se há fundamentação científica, que o homem saboreia glória quando pode manipular em cativeiro, privando de necessidades essenciais, o seu semelhante ou animais silvestres.
Pois bem, para que os gatos não estraçalhassem a gaiola e, portanto, saboreassem folgadamente o animalzinho indefeso, eu a colocava, apoiada num prego, num ponto bem alto de uma parede que, paralelamente com outra, formava um corredorzinho, apertado e de mau gosto, na entrada da casinha módica onde morávamos.
Certa vez, no descompromisso peculiar de criança, esqueci, em função de não ficar vendo a gaiola constantemente por causa da altura, de colocar alpiste (pequenos grãos da cor de ouro sujo) para o pássaro e, portanto, quando, distraidamente, olhei para cima, avistei-o todo arrepiado e, com dificuldades, equilibrava-se sobre as perninhas frágeis. Às pressas e cheio de remorsos, coloquei os grãos no reservatoriozinho da gaiola, enchi a boca de água e a pulverizei sobre o pássaro, levei-o para o quintal e deixei-o a tomar banho de sol. Depois de algumas horas, lá estava ele trinando alegremente na gaiola, comemorando ou agradecendo o alpiste (phalaris canariensis) que eu colocara pra ele. Naquele momento, fiquei extremamente comovido e, de coração, prometi, pra mim mesmo, que jamais o deixaria com fome.
Poucos dias depois, apoiado na célere memória de criança, esqueci, novamente, de colocar água limpa e grãos para o coitado. Repeti todo o processo anterior de recuperação do pássaro e, em seguida, fiz as mesmas promessas anteriores de jamais o deixar naquela situação de penúria.
Pela terceira vez consecutiva, fui traído pela memória e, portanto, deixei o pobre pássaro naquele cárcere sem alimentação. Ele demonstrava-se muito debilitado e, com esforço extremo, encostava-se, penosamente, nas talas da gaiola. Não resisti aquela situação, então, depois de alimentá-lo e deixá-lo num banho de sol recuperador, resolvi soltá-lo. Chorando, numa profusão de remorso, dó e sentimento de perda, abri a portinhola da gaiola e deixei-o tomar a decisão de ganhar a liberdade. Esperei várias horas, mas nada, ele não saia do cárcere. Acho que estava condicionado ao cerceamento da liberdade e, mesmo morrendo por inanição, não queria sair daquele mundo limitado e cruel.
Resolvi, então, tirá-lo da gaiola, mas repetidas vezes, voltava e, sobre a sua “casa” há vários meses, pousava, pois a portinhola eu deixara fechada. A “minha” ave de “estimação” se negava a ganhar o mundo. Tinha medo da liberdade, pois não sabia mais usufruí-la. E eu, a cada instante que passava, me sentia contraindo vergonhosamente para dentro do meu âmago estúpido. Naquele momento, tornei-me um buraco negro consumidor de emoções que, fantamasgoricamente, me acompanham até hoje e, portanto, agridem, de chofre, a minha estabilidade racional.
Levei o pássaro para o quintal e, então, coloquei-o sobre uma árvore. Pareceu-me completamente abandonado e, com o coraçãozinho aos pulos, não sabia para onde ir. Sai caminhando de costas e não tive como conter as lágrimas. Não tinha certeza se ele sobreviveria naturalmente. Torcendo para que ele voasse, fechei, lentamente, a porta do quintal.

quarta-feira, 17 de março de 2010

vida de professor



Na cidade de Zé Doca (MA), são poucas as opções de lazer, portanto, invariavelmente, as pessoas são sempre encontradas em barzinhos ou restaurantes.
Pois bem, certo dia, deparei-me, no meio de uma pracinha, sentado ao relento em torno de uma mesinha de plástico, com um jovem casal. Depois de empurrar traquéia adentro vários copos de cervejas, a mulher ponderou:
- Vamos, Fulano, pois preciso tomar as injeções!
Como eu já tenho mais de quarenta anos na janela da malandragem (só filmando e arquivando casos na memória principal do cérebro), entendi a mensagem e, então, sem ninguém me perguntar nada, argüir, em cascata vocabular:
- Rapaz, esse negócio de aplicar injeção para evitar gravidez provoca um desequilíbrio hormonal na mulher e pode desencadear em doenças.
Sinceramente, não sei se há algum sustentáculo científico no que eu falei, no entanto, a mulher, meio encabulada, disse:
- Já estou me sentindo gorda... meio inchada.
Com a afirmação dela, senti-me à vontade para dizer:
- Rapaz, nos postos de saúde há distribuição gratuita de camisinhas. Por que você não as usa? Afinal, elas são grandes demais e, portanto, ficam folgadas no seu pênis?
Diplomaticamente, ele rebateu:
- Muito pelo contrário, Sô (derivação regressiva de senhor, muito usado na região), eu ainda não encontrei foi camisinha que coubesse ele!!
A mulher fez os olhos dançarem transversalmente na direção do homem, apertou os lábios, fez um trejeito de desdém e reprovação no rosto e, imediatamente, desabou em gargalhadas. Eu não sei de nada, não quero saber e não perguntei a quem sabe!

ética


“De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agitarem-se os poderes nas mãos dos maus; o homem chega a desanimar da virtude, a rir da honra, a ter vergonha de ser honesto.”
Rui Barbosa

"mãe, eu sei que tu tá escondida!"


As religiões, na tentativa de explicar a vida após a morte, divergem e, portanto, não conseguem desvendar, convincentemente, esse mistério. Catolicismo, judaísmo, islamismo, espiritismo, cristão esotérico, budismo, hinduísmo, wiccas e bruxas tradicionais fazem uma grande celeuma sobre o tema que, em sinopse, resultará em uma verdade enigmática.
Céu, inferno, purgatório, nirvana, olam habá (mundo vindouro), paraíso, cemitério (inegável) são temas exaustivamente discutidos nas religiões, no entanto, a saudade de uma pessoa que morreu fica transbordando no nosso peito até ser estancada pelo tempo, mas nunca curada.
O filho de uma irmã de minha mãe casou-se e, como não conseguiu emprego no Piauí, foi, juntamente com a esposa, a exemplo de seus irmãos, morar em Brasília.
Um dia mau e tenebroso qualquer, sem nenhuma justificativa persuasiva, a esposa dele, numa veia de trânsito da capital federal, foi, no nervosismo cotidiano de terráqueos sem identidades, atropelada fatalmente por um automóvel. Ali, ignorado no meio-fio da rua, estava um corpo sem futuro e com o pretérito incompleto, pois sonhava em criar os seus dois filhos.
As duas crianças, uma com quatro e outra com cinco ou seis anos, eu acho, foram enviadas para a casa dos avós, encravada na zona rural de Floriano (PI). Eles, os avós, têm, também, uma casa na zona urbana da cidade, localizada à direita da minha. De quando em vez, principalmente no período de receber o dinheiro da aposentadoria, eles aparecem e, em dois dias, no máximo, desaparecem. Chegam a casa e saem dela tão rápido que se pode chamar de efeito beija-flor. Certo dia, chegaram com as crianças órfãs de mãe. Mostravam-se tão ansiosas e assustadas, meu Deus, que pareciam estar sendo levadas para um cadafalso. De mãos dadas, ficavam quase o tempo todo. Acho que uma se apoiava na outra para superar os percalços imprevisíveis da vida. Dava a impressão que elas se sentiam seqüestradas e jogadas naquele cativeiro estranho: casa nova, cidade nova, parentes (?), etc. Afinal, tudo aquilo era diferente para elas. Passavam, então, o dia inteiro, a caminhar, de mãos dadas, uma atrás do outra. Olhavam atrás das portas, debaixo das camas, dentro dos armários, no quintal e onde fosse possível. Procuravam a mãe, pois ela, segundo me disseram, gostava muito de brincar de esconde-esconde com eles. Não sorriam, não falavam, não brincavam e, portanto, não se comportavam normalmente como crianças. Olhos medrosos, desconforto e sensação de abandono marcavam, indelevelmente, os dois pequenos.
Num determinado dia inesquecível, ao fechar da tarde, quando chegava em casa, eu os vi, vestidos numas roupinhas limpas e de tecido ordinário, sentados em cadeiras, de mãos dadas, um ao lado do outro. Estavam, com os cabelos ainda molhados de um recente banho, balançando as perninhas e, com as cabeças inclinadas para frente, olhavam, como se a mãe fosse apontar a qualquer momento no horizonte, a rua completamente deserta.
Quando adentrei em casa, a minha ex-esposa, também meio triste, contou-me que os meninos passaram o dia todo vasculhando a casa dos avós e, paralelamente, dizendo: “mãe, eu sei que tu tá escondida!” Foi a única frase que ela ouviu deles.
Infelizmente, isso não sabiam, mas ela, a mãe deles, estava escondida eternamente, como muitos outros piauienses, num cemitério modesto de Brasília. Escondida para sempre!
Naquela noite, a insônia invadiu-me a alma(?) e, nas religiões, não encontrei respostas para as minhas perguntas.

quarta-feira, 10 de março de 2010

vida de professor



Em Floriano (PI), quando eu pedi demissão do meu primeiro emprego numa indústria química farmacêutica, dediquei-me, exclusivamente, a ministrar aulas no SESC – Serviço Social do Comércio e na UESPI – Universidade Estadual do Piauí.
Na mesma velocidade de fuxicos, a minha imagem de professor capacitado tramitou nos corredores dos colégios de Floriano (PI) e, portanto, o Colégio Sobral Neto convidou-me para ministrar aulas de química básica. No final da primeira semana de trabalho, a diretora convocou-me, com urgência, a comparecer na sua sala, pois queria conversar comigo. Fiquei meio intrigado e, muito curioso, desloquei-me para a sala da mulher. Quando adentrei na sala, ela, a diretora, olhou-me dos cabelos ao dedão do pé e, fazendo uma cara de desconfiança, disse-me, de boca cheia:
- Professor, soube que você está ministrando aulas de sandálias. Aqui, no Sobral Neto, só um professor ministrou aulas de sandálias. Esse professor foi o Luna, mas era o Luna! O Luna é engenheiro!
Apenas, como um boneco de vitrine, esfriei o olhar e, calmamente, deixei-o descansando sobre a face dela. Ela falava com tanta ênfase do Luna que eu já estava me sentindo um chupa prego qualquer sem qualificação. Quando ela parou de tagarelar, então, com a paciência que me é peculiar nesses momentos, defendi-me:
- Professora, por incrível que pareça, eu também sou engenheiro, e, como tal, cursei o ensino fundamental, o ensino médio e, evidentemente, o superior, no entanto nunca me ensinaram que a inteligência ficava nos pés, mas no cérebro.
Amargamente, ela fechou a expressão facial e, fulminando-me com os olhos, engoliu em seco. Não disse mais nada. Levantei-me e, lentamente arrastando a minha confortável sandália de borracha, ganhei o corredor.
Nunca mais fui chamado à diretoria.

Frase de placa


“Não importa o quanto se sinta em posição desfavorável; não se desencoraje; não tenha medo; não se desespere.”

Helen Keller

o viciado



No ano de 1860, aproximadamente, Antonio Meucci, num jornal de língua italiana, publicou, na cidade de Nova Iorque, a descrição do telefone, denominando-o de teletrophone. Antes de 15 de junho de 2002, a invenção era atribuída a Alexander Graham Bell, mas, depois de tal data, é reconhecido como instituidor do telefone o italiano Antonio Santi Giueppe Meucci. O telefone é um aparelho que converte energia acústica em energia elétrica e vise-versa.
Num passado próximo, telefone fixo era um luxo e et cetera e tal. Não bastava ter dinheiro para comprar um telefone, era obrigado ter, principalmente, muita paciência. O provérbio oriental diz: “paciência é uma árvore de raízes amargas e frutos doces”. Pois bem, nessa época, minha irmã iniciara o pagamento de um telefone fixo para a minha mãe e, depois de mais ou menos mil dias, recebeu autorização para operar a linha. Foi uma festa! Alegria total! Sobre uma mesinha, lá estava, todo peculiar, o objeto de admiração: cor vinho e com uma das teclas em destaque denominada redial – uma maravilha, pois era responsável pela rediscagem de números. O número de nosso telefone foi distribuído para toda a vizinhança e, quando ele chamava (tocava), a gente saia correndo no maior alvoroço para atendê-lo.
O tempo foi passando e o telefone passou a ficar irritantemente chato e sem escrúpulo: tocava no meio da noite e, do outro lado, alguém pedia para eu ir chamar Fulano de Tal; os vizinhos faziam compras a prazo no comércio e registravam o nosso telefone como se fosse de suas casas e, então, recebíamos cobranças de domingo a domingo; às vezes, íamos chamar o vizinho e ele, como já avaliava que era cobrança, ficava completamente alterado e dizia que tinha mais o que fazer! Dá licença! Inconveniência total!
Várias vezes, o telefone, insistentemente, tocava até abusar, mas eu não atendia. Dá licença! O toque ladainha irritante, estridente e periódico tornou-se, para mim, um terror. Uma lavagem cerebral. Fazia um “tuuuuut” tão profundo que chacoalhava os meus tímpanos dolorosamente e agredia incomodamente a minha alma. Quando eu estava estudando, o telefone “tuuuuut”; quando eu estava almoçando, o telefone “tuuuuut”; quando eu estava tomando banho, o telefone “tuuuuut”; quando eu estava... “tuuuuut”, “tuuuuut”, “tuuuuut”... Percebeu como é irritante? Eu não atendia, mas voltavam a ligar, então, com cuidado, retirava o fone da base e deixava-o descansando sobre a mesa. Um dia alguém me disse: “não faça isso, pois continua contando os pulsos”. Que pulsos? Eu lá sabia! Eu queria era paz! Era melhor ele contar esses tais pulsos do que eu cortar os meus pulsos. O “tuuuuut” do telefone ficou gravado de tal forma na minha memória que eu não gosto de ficar muito tempo onde tem um telefone fixo. Detesto ouvi-lo. Será que não tinha como inventar um outro tipo de toque para aquele desgraçado?
Criei uma aversão incondicional a telefone, no entanto, depois de muita insistência dos meus colegas, resolvi, há mais ou menos dois anos, comprar o meu primeiro celular, pois posso configurá-lo de acordo com a minha personalidade.
Agora, vejo que não poderia ficar isolado do celular: virou moda no mundo contemporâneo. Ao tocar, provoca alvoroço. O assunto mais babaca do século torna-se, diante de quem está só observando uma pessoa tagarelar no telefone, a conversa mais charmosa do mundo, pois o receptor da chamada afasta-se do círculo de colegas, encosta-se em um carro, rodopia nos calcanhares, olha de soslaio para ver se está sendo observado, solta risos abafados, ajeita o cabelo e, ao terminar o bate-papo, aproxima-se com um olhar superior de quem estava conversando com um deus. Apenas quer dizer: “viram, eu sou importante”. Maldito celular!
Hoje, o celular, quem diria, é um dos meus vícios. O tempo todo estou na sua dependência e, paralelamente, a vigiá-lo. Às vezes, impacientemente, procuro alguma mensagem na caixa de entrada ou uma ligação perdida no item ligações recebidas... mas nada. Coloco o celular sobre a mesa e, como se estivesse combinado com alguém para ligar-me, fico a fitá-lo na esperança de vê-lo, a qualquer momento, animado, mas nada. E a angústia da espera fundi-se com a tristeza do celular gerando um pico depressivo que me faz caminhar, em circulo, pelo interior da casa. Nada! Ninguém me liga! A caixinha preta insensível não me diz nada. Vasculho a agenda. Tantos números e tantos nomes, no entanto continuo esquecido. Quiçá, eu não tenha nada de importante para dizer ou não mereça ouvir nada importante.
Chega a noite e, então, meus olhos, cansados de boiar nos furos cranianos, fecham-se no amargo silêncio do esquecimento. O telefone, uma grande invenção que traumatizou a minha mente, é, hoje, o meu objeto de tensão. Maldito e emocionante celular!

sábado, 6 de março de 2010

sexta-feira, 5 de março de 2010

vida de professor



Na sala dos professores do Instituto Federal do Maranhão, campus Zé Doca, iniciou-se um debate étnico-racial e cultural entre os docentes.
O professor Péricles Nunes açoitava frases pomposas sobre a mesa na narração da história de sua família. Orgulhosamente, dizia que os seus antepassados foram donos de escravos. Segundo ele, são fatos comprovadamente registrados em cartório e reconhecidos por historiadores maranhenses. Fiquei só ouvindo.
No epílogo do debate, ele arrematou:
- Na verdade, o negro discrimina o próprio negro!
Naquele momento, eu, diametralmente, entrei na contenda:
- Eu não gosto de negro...
Péricles, com uma postura triunfante, olhou de soslaio para todos os participantes como se estivesse dizendo: “vocês estão vendo, a minha tese está certa!”
Todos ficaram a fixar-me, então eu conclui com esta expletiva:
- Eu gosto é de negra

Frase de placa

"Se o homem não descobriu algo por que morrer, ele não está preparado para viver"

Martin Luther King Junior

tempos contemporâneos



Estava eu deitado numa rede alviverde navegando nos meus pensamentos quando, de chofre, consegui acessar, num arquivo lacrado pelo tempo na minha memória, a história de pessoas que, há anos, congelaram os corpos para uma futura possível ressuscitação, depois da descoberta pela ciência da cura de determinadas doenças. A técnica de congelamento de corpos através da produção de temperaturas muito baixas é denominada de criogenia.
Não sei se isso é uma boa alternativa, pois, nas duas últimas décadas, a ciência tem dado um salto gigantesco de criatividade e inovação. Hoje, uma pessoa que, por exemplo, foi submetida à criogenia na década de oitenta, caso fosse ressuscitada, tomaria um grande “choque” tecnológico cultural, e, quiçá, não conseguiria adaptar-se às novas invenções, pois, mesmo as pessoas que trilharam toda esta evolução continuam vivendo excluídas digitalmente.
No pretérito, os homens passavam milênios para fazer pequenas descobertas como, por exemplo, a roda. No presente, a evolução é contínua. Uma pessoa ressuscitada teria que, num curto espaço de tempo, acumular muitas informações. O que acho pouco provável. Imagine-se num lugar sem colegas, ruas completamente modificadas, povo esquisito, cidade estranha... Sinceramente, não dá!
A humanidade, cronologicamente, de acordo com o material que dominava, já viveu a Idade da Pedra, a Idade do Bronze, a Idade do Ferro, etc, no entanto, hoje, fico muito orgulhoso por pertencer a esta nova idade de múltiplos materiais... a Idade Digital.
Sinceramente, jamais eu utilizaria a criogenia para tentar perpetuar-me na Terra, pois, segundo penso, o verbo ressuscitar é exclusivo de personagens bíblicos.
Prefiro os verbos morrer e enterrar. E pronto!
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