Quando chegamos ao Bairro Catumbi, Floriano (PI), eram contados os casebres encravados nas entranhas daquela região geograficamente não agraciada por belezas naturais. Na época, era quase inóspita a vida naquela área, pois não havia ruas – apenas caminhos estreitos, nem energia elétrica e nem rede de abastecimento de água.
Nas minhas idéias amorfas de criança, tudo parecia eterno, principalmente eu e meus pais. Raramente se ouvia falar em morte de alguém. Quando uma pessoa morria, os parentes dela, em forma de respeito e sentimento, ficavam de luto por, no mínimo, seis meses: vestiam roupas pretas, não freqüentavam festas, não ouviam rádio, etc, etc. A família, nesse período, ficava mais coesa.
Pois bem, na semana passada, aos 81 (oitenta e um) anos, morreu um dos pioneiros moradores do nosso bairro. Deixou, legalmente reconhecidos, cinco filhos e oito filhas. Há poucos dias, em conversa familiar, ele declarou:
- Apenas um dos meus filhos homens prestou!
Os familiares se entreolharam e, pensativos, começaram a avaliar os nomes dos filhos: “Fulano, não é; Cicrano, não pode ser; Beltrano, muito pior (...)” Analisaram todos os nomes e, então, começaram a pressupor que o homem estava a caducar. Resolveram, logo, censurá-lo:
- Qual foi o que prestou, então?
Sem titubear e meio contrariado, respondeu:
- O que morreu ao nascer!!