sala VIP

sábado, 12 de junho de 2010

Desejo de torturar criança II





A nostalgia de muitas pessoas do método punitivo da educação pretérita é, na minha projeção limítrofe de idéias, pueril. Hoje, de quando em quando, ainda ouço alguém dizer: “Na minha época, bastava um olhar de repreensão dos pais para os filhos murcharem”. Na verdade, as crianças andavam murchas, nervosas, inseguras e oprimidas o tempo todo, pois a maioria substantiva dos pais não ensinava, através de diálogos, o que eles consideravam moralmente certo ou errado. As crianças só aprendiam que tinham feito algo “errado” quando já estavam sendo castigadas. Era o “aprendizado” através da punição em detrimento ao diálogo educativo.

Os pais não ensinavam e, peremptoriamente, proibiam os filhos de ouvir as suas conversas: “Criança fala e brinca com criança” – ouvi várias vezes os adultos mastigarem esta frase. O que uma criança iria ensinar a outra?

Nessa época, a liberdade da criança ficava encolhida dentro de um ciclo perverso que, cotidianamente, girava em dois sentidos: horário e anti-horário – uma lavagem cerebral da anti-aprendizagem.Nada, pelos pais, era acrescentado ao desenvolvimento cognitivo do ser em formação. A criança vivia angustiada dentro de um turbilhão de interrogações sem respostas: os pais não explicavam e os coleguinhas fantasiavam soluções escabrosas.

O que os pais não esqueciam mesmo era de ameaçar silenciosamente as crianças, pois, como troféus valiosos, deixavam em exposição, na parede da sala, os objetos de tortura: cipó, palmatória, corda dobrada, cinto, tiras de sola, etc. Estes objetos eram carinhosamente preparados pelos pais e, em seguida, batizados com nomes curiosos: “acalentador de menino”, “professor”, “sossego”, etc. Os pais repreendiam, ostensivamente, olhando fixamente nos olhos da criança e, em seguida, de soslaio, para os objetos de tortura. Era a mensagem do medo: "Pare com isso ou aquilo entra em ação".

A criança vivia tensa dentro da própria cas em função de uma educação antagônica: aprender o "correto" através do castigo.

Um comentário:

Anne Lieri disse...

Antonio,um texto muito bom e,infelizmente,a pura realidade!Ainda bem que hoje em dia os pais acordaram e não usam mais esse tipo de castigo!Bjs,

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