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domingo, 1 de agosto de 2010

vida de professor

O Instituto Federal do Maranhão, quando fui aprovado em 2009, exigiu-me um leque de exames médicos e, também, um atestado de sanidade mental.
Em Floriano (PI), fui consultar-me, portanto, com um psiquiatra. Paguei setenta reais pela consulta, esperei mais de uma hora na ante-sala da secretária e, então, chamaram-me.
Quando entrei, o médico digitava um texto qualquer. Sem me olhar, pediu que eu sentasse. De chofre, perguntou-me:
- Você já jogou pedra na lua?
- Que eu me lembre, não!
- Alguém de sua família já jogou pedra na lua?
- Que eu saiba, não!
O médico, olhando-me com um sorrisinho sarcástico no canto da boca, continuou:
- Você já rasgou dinheiro?
Naquele momento, resolvi entrar no diálogo dele:
- Terminei de rasgar setenta paus sobre a mesa de sua secretária.
O médico desconversou sorrindo:
- Esse aí você não rasgou: ele foi muito bem aplicado!
- Pro senhor, uma boa aplicação, mas pra mim, um rombo na conta bancária.
A conversa ficou mais descontraída, então ele provocou-me:
- Já comeu merda?
- Sabe doutor, nunca comi e, hoje, acho que não comerei: cursei dois cursos de ciências exatas – Engenharia na UFPB de João Pessoa e Matemática no IFPI – e nunca tive vontade de degustá-la. Acho que já estou imune desse ato.
Quando o médico soube que eu tinha feito Engenharia na UFPB, começou a falar que tinha estudado em Pernambuco e, então, contou-me várias histórias saudosistas da sua época de estudante. O atestado já estava impresso, mas ele não o assinava. Conversava. Conversava. Quando eu saí da sala dele e já estava na ante-sala da secretária, continuou mostrando-me fotos de sua formatura esmaecidas pelo tempo nas paredes do consultório. Conversava animado. Nem ligava para a grande quantidade de pacientes que o esperava. Eu correspondia o diálogo procurando vocábulos rebuscados para dar elegância às frases.
Naquele dia, fiquei com uma impressão de que o doutor estava se sentindo solitário e, portanto, tive vontade de pedir meus setenta reais de volta, pois achei que, no epílogo da história, a consulta foi benéfica exclusivamente para ele: bateu um bom papo e subtraiu meus reais.


5 comentários:

Anônimo disse...

Professor Antonio José, rapz andei lendo um comentario seu no blog do jair Feitosa, não sabia que vc era um Ateu, me surpriendir com o seu comentario.

Antonio José Rodrigues disse...

Caro anõnimo, obrigado por visitar a minha página. volte sempre, pois tenho histórias bem humoradas para futuras publicações. Não se surpreenda com o meu comentário: a vida tem que ser conduzida com irreverência e humor.Uma verdade eu lhe digo: é melhror vc acreditar em Deus e Ele não existir do que vc não acreditar e Ele existir. As idéias estão expostas para questionamentos. É a tal da democracia! Abraços.

JAIR FEITOSA disse...

Na próxima vez que você precisar fala comigo. Por emeio mesmo. Fisicamente, só a grana na minha conta.

Um abraço.

Jair Feitosa.

Eu sei quem é o cara !!???

JAIR FEITOSA disse...

Caro AJRS.

Sobre o comentário do "anônimo" acima, é a polícia do mundo cristão que não deixa as pessoas terem liberdade de pensar o que é melhor para elas. São as novas "cruzadas", agora, parece, eletrônica. Vade retro, Satanás.

Um abraço laico.

Jair Feitosa.

Luciano Baptista Domingos disse...

Háha , é por isso que eu não posso ir a uma consulta dessas. Eu ia dizer quue comi merda rasguei $$, mas a sacada que você teve de dizer que rasgou $$ quando pagaste a consulta foi fenomenal! Abraços! grandes textos esstou na área

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