sala VIP

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

autobiografia


Eu, Antonio Jose Rodrigues, portador do registro civil número três mil setecentos e noventa e cinco (3.795), nascido aos cinco de julho (05), às doze horas e trinta minutos (12h30min), num distrito qualquer do Piauí, CONSIDERANDO QUE
I - Fui revolucionário, mas não matei nenhum tirano com as minhas palavras quentes e violentas;
II - Fui boêmio, mas a minha cadeira encontra-se vazia num canto qualquer de um bar ordinário;
III - Não há vazos de flores policromáticas na minha janela, para que eu recorde da primavera;
IV - A mulher que amei, em alguns dias embriagados da década de setenta, desapareceu numa esquina anônima piauiense e o seu corpo-poema flutuante encantou-se aos meus olhos;
V - Planto, ano após ano, os meus sonhos e, por mais que eu os regue, não brotam: a fertilidade do pensamento é sufocada pelo calor intenso do Sistema;
VI - Não há versos escorrendo, em forma de cascatas, pelas paredes do meu quarto.

RESOLVO
Ficar no meu cenário, limítrofe à visão, olhando a apatia da cidade. Mesmo confinado nesta parafernalha eletrônica, sinto que sou sensível: meus olhos estão carregados e as minhas pálpebras não suportam, no momento de eu assinar esta resolução, o peso das lágrimas. O infinito interior pertence-me.
Brasília (DF), 1997

2 comentários:

Anônimo disse...

runnn sera quem foi essa amada

Anônimo disse...

aiii que lindo pacato o seu texto sera quem foi essa amada

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