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quarta-feira, 28 de abril de 2010

fado



Na minha juventude, incentivado por Expedito França Júnior, um colega do colegial e leitor incondicional, comecei a gostar de ler, pois, gradualmente, de acordo com o meu interesse e interpretação do texto indicado, ele ia me guiando pelas entrelinhas da literatura.
Deixei de ler revistas em quadrinhos e bolsilivros e, então, verticalizei-me nas crônicas de Rubem Braga, Fernando Sabino, Sérgio Porto (Stanislaw Ponte Preta), Paulo Mendes Campos, Carlos Drummound de Andrade, etc. Quando li “Encontro Marcado” de Fernando Sabino, fiquei fascinado com a história e, portanto, trilhei, sem retorno, pelo imaginário literário nacional e internacional. Li a obra de Jorge Amado, cronologicamente, até “Tocaia Grande”. Na época, um dos livros dele que me provocou pausada reflexão foi “Capitães da Areia”, pois, caso um dia eu fosse pai, segundo internalizei e queria seguir como meta de vida, não me separaria de meu filho. O grupo que aterrorizou Salvador, formado por menores abandonados e marginalizados, composto por Pedro Bala, Volta Seca, Professor, Gato, Dalva, Sem-Pernas, João Grande, Querido-de-Deus e Pirulito, fez uma repaginação nos meus conceitos morais e sociais.
No entanto, a vida não segue um projeto rígido e logicamente pré-determinado por nós, pois, em função de sua surpreendente dinâmica cotidiana, perdemos o rumo do caminho artificial e, naturalmente, somos conduzidos pela soma de decisões de terceiros que se locupleta num todo específico ou geral, de acordo com cada premissa do acaso. A vida é ensoberbecida de resultados imprevisíveis, pois, hoje, vejo-me separado de meu filho, que mora com a minha mãe, por centenas de quilômetros.
Nada é para sempre. Esta é a minha esperança.

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