sala VIP

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

vida de professor


Numa determinada manhã escaldante piauiense de domingo, eu estava, sozinho em casa, a assistir ao filme “Black Rain” que enquadra a vida de alguns japoneses, no ano de 1945, antes, durante e depois do lançamento da bomba atômica pelos americanos sobre as cidades alvos. A minha ex-esposa tinha saído com as crianças para um clube social. Como eu ministrava aulas durante a semana nos turnos matutino, vespertino e noturno, não tinha ânimo para sair nos finais de semana.

De repente, insistentemente, alguém batia palmas no portão de minha casa. Deixei os segundos avançarem, mas nada, as palmas continuavam cada vez mais fortes. Resignado, resolvi ir saber quem era que lá estava. Abri a porta e vi um vendedor ambulante especado no portão com um carrinho cheio de bugigangas: redes, espelhos, quadros, panelas, copos, etc, etc. O suor porava abundantemente pelo rosto dele. Meio impaciente, falou:

- O dono da casa está?

-Está!

-Chame ele aí! – gritou olhando pro chão e cuspindo.

Não debochei, não mudei a expressão. Apenas completei o diálogo:

- Sou eu!

O vendedor respirou fundo, abanou a cabeça negativamente, jogou umas tralhas nas costas e, olhando-me duramente pelo canto do olho, saiu empurrando aos solavancos o carro de variedades e falando amargamente grosso:

- Eu aqui num sol de lascar, trabalhando sério e tu fica com sacanagem. Não quer chamar o dono, não chame, mas não fica tirando onda com a minha cara, seu merda!

Como fui tratado por “seu merda”, em vez de “seu Antonio”, tive vontade de jogar uma bomba atômica dentro do carrinho de bugigangas dele. Só pra ver aquele merda voando aos pedaços.








6 comentários:

JAIR FEITOSA disse...

Olá AJRS.

Eu e Rangel (Informática) rimos muito dessa crônica aqui na sala dos professores. Me fez lembrar daquela outra que o cara pediu pra você botar os tijolos pra dentro. Demais.

Um abraço.

Jair Feitosa.

Ah, viagra, ainda não. Mas quem sabe um dia. Vai depender dos relatos de sua experiência já de muito tempo sobre prós e contras.

Chico Mário Feitosa disse...

Putz, isso tudo é por causa da cara de pobre? Ainda bem parceiro, evita dessa forma muitos incômodos... Talvez, seja uma evolução genética e vc foi agraciado (risos). Viva os feios com cara de pobres!

Penélope disse...

Obrigada pela sua visita no meu INFINITO.
Também gostei do que vi aqui e, vida de professor é assim - cheia de fatos inusitados...
Abraço

Anônimo disse...

AJRS.

Cadê aquele livro (que não lembro mais) que faz parte de uma coleção (capa dura, marron?) de um clássico da literatura que tem na epígrafe uma frase mais ou menos assim: nenhuma grande fortuna é fruto só de trabalho. Lembra?

Um abraço.

Jair Feitosa.

Antonio José Rodrigues disse...

Jair, meu caro, eu acho que o livro que vc se refere é o de Victor Hugo, intitulado trabalhadores do Mar. Caso tenha interesse em lê-lo, quando eu estiver em Floriano posso lhe emprestar.

Obrigado pela visita.

Abraços

Antonio José Rodrigues disse...

Malu, fiquei lisonjeado por ver que vc subtraiu um pouco do seu tempo para ler as minhas histórias.Volte sempre,

Cordialidades piauienses

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