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sexta-feira, 2 de outubro de 2009

O engenheiro que gostava de sombra e água fresca



Ao concluir o curso de Engenharia Mecânica na Universidade Federal da Paraíba, eu estava completanente exausto e nervoso em função das noites mal dormidas e incitadas pelos coquetéis de café, guaraná em pó, coca-cola, etc. Parecia que eu tinha saído das profundezas do céu.
No estado em que eu me encontrava (arrepiado, magro, assustado, esquálido e fantasmagórico) jamais seria aprovado, por mais simples que fosse, numa seleção de pessoal de qualquer empresa, então, com o intuíto de recuperar-me, tomei a decisão de passar uns 20 (vinte) dias com os meus pais na cidade de Floriano (PI).
Depois de uns 5 (cinco) dias que eu estava no maior "love" com a rede: só embalando-me e, em seguida, dormindo, comecei a levar "fisgadas no fígado": "Sim, Genésia, e agora a pessoa se forma é pra ficar deitada dentro da casa dos pais?" Genésia é a minha mãe. "Genésia, minha filha, ouvi dizer que o seu filho chegou... Ele já está trabalhando?" Eu ficava só me contorcendo dentro da rede e sentindo as chicotadas verbais a "queimar" o meu orgulho. Já ficava sobressaltado e nervoso quando ouvia passos de visitas: só chegavam pra me detonar! A rede ficava estática e o meu coração sozinho me denunciava que eu estava dentro do quarto. O que falavam lá em casa era um drinque perante os comentários feitos nas ruas: "Esse miserável de Genésia não quer é trabalhar!" "Esse safado terminou curso de merda nenhuma!" "Um rapaz forte e sadio e, no entanto, fica sendo segurado pelo pai, coitado, que é aposentado!" "Eu já sabia que ele estava lá em João Pessoa só bebendo cachaça!".
A gente diz que não liga para o que o povo fala, mas, naquele período, percebi que não é verdade: internamente a pessoa fica extremamente ferida. As críticas destrutivas estavam deixando-me mais extenuado do que a conclusão do curso de engenharia. Confesso, agora, que entrei em desespero e, então, comecei a procurar alguma coisa pra fazer. Não importaria o quê! Eu queria era mostrar que estava trabalhando.
No Laboratório Industrial e Farmacêutico Sobral, um chefe de setor, sem ao menos encaminhar-me ao departamento competente, começou a entrevistar-me:
- O que um engenheiro mecânico faz dentro de uma indústria de remédios?
Como era que iria saber se eu nunca tinha entrado numa indústria química? Minha resposta foi óbvia:
- Sei não, senhor!
Ele ficou a olhar-me com uma cara de desdém e, então, disse=me:
- Passe aqui na próxima semana: eu vou falar com o dono do laboratório.
Pelo menos uma promessa, pensei. Foi a semana mais longa de minha vida. Fui dominado pela ansiedade e, paralelamente, por uma euforia reprimida.
No dia e hora marcados, eu estava lá. O chefe de setor falou-me:
- O dono disse que não pode pagar mais ninguém aqui... se você quiser trabalhar de graça, então fica aí!
Aceitei na hora. Quinze dias depois, eu estava com o meu primeiro emprego com carteira de trabalho assinada.

Um comentário:

Anônimo disse...

kkkkkkkkkkkk! vce e d+

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